segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Vamos aos fatos... Ou outros fatos...

Estatística é uma ciência muito estranha, dependendo de onde se pega o histórico, pode-se chegar a qualquer lugar.

Mortes no trânsito: SP mata menos.
Motociclistas: Aumento de 258%

LUIZ FLÁVIO GOMES*
Fábio Soares**

Os números absolutos de mortes podem levar a uma impressão errada sobre a violência no trânsito. O Estado de São Paulo concentra, de longe, a maior quantidade de óbitos nas vias e estradas. Levando-se em consideração o total de veículos, no entanto, a taxa paulista, embora exorbitante, é a menor do Brasil. Ou seja: proporcionalmente São Paulo mata menos no trânsito.

Ao cruzar dados do IBGE, Denatran e Datasus, o Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes levantou que São Paulo teve 42 mortes para cada 100 mil veículos em 2008. Em números absolutos, são 7.499 falecimentos. O Rio Grande do Sul tem o segundo desempenho proporcional menos ruim: 48 mortes. No Maranhão, na parte inferior da tabela, foram 204 óbitos por 100 mil veículos. É o Estado com o pior quadro. Piauí, com 191, Alagoas, 174, e Pará, 152, vem na sequência.

Se em vez de 100 mil veículos, mudarmos a relação para 100 mil habitantes, a taxa de mortes no trânsito de São Paulo continua entre as mais baixas do país: 18. Mato Grosso e Tocantins, com 36, lideram esse ranking. As menores proporções, nesse caso, são as amazônica e baiana, com 11 e 12 mortes para cada 100 mil habitantes, respectivamente.

A explosão da frota nacional de motos ajuda, em parte, a entender taxas tão altas. O motociclista é o tipo de vítima fatal que mais aumentou nas estatíticas recentes. De 2000 a 2008, enquanto houve elevação de 32% na quantidade de mortes nas vias públicas de uma maneira geral, entre os motociclistas o índice subiu 258% no mesmo período. Em números absolutos, os pedestres ainda são as principais vítimas.

A frota nacional de motos passou de 3,9 milhões em 2000 para 16,3 milhões no ano passado, segundo dados do Denatran. Em São Paulo, em igual período, o número de motos subiu 345%, de 1,1 milhão para 3,8 milhões. No Maranhão, disparou 649%, de 65 mil para 422 mil. Novamente, apesar da grandeza dos algarismos paulistas, em alguns quesitos do trânsito outros Estados apresentam percentuais bem maiores.

Seja, no entanto, em São Paulo ou no Maranhão, o certo é que nenhum Estado nem mesmo o Governo Federal nunca desenvolveu um amplo e profundo programa de prevenção de acidentes viários. A década de 2011 a 2020 foi eleita pela ONU como a década da prevenção de acidentes viários. É chegada a hora de um plano decenal nessa área. Ainda não temos os números consolidados, mas já ultrapassamos (seguramente) a marca das 40 mil mortes por ano (mais de 130 por dia). É uma calamidade que necessita da atenção de todos. Até porque, são mortes evitáveis. Basta colocar em funcionamento a fórmula EEFPP: Educação, Engenharia (nos carros, nas estradas, nas ruas etc.), Fiscalização, Primeiros socorros e Punição.

Acidentes. Um aspecto curioso é que o crescimento da frota paulistana não significou aumento de mortes no trânsito. A cidade de São Paulo vem registrando queda contínua nos últimos anos. Em 2009, ano do último levantamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), foi registrada na capital a menor taxa de morte dos últimos 22 anos: 1.382 casos, número 54%2 menor do que os 2.981 de 1987.

O grande aumento da frota de veículos da cidade de São Paulo se deve mais ao crescimento explosivo da frota de motocicletas do que propriamente dos automóveis. Entre 2000 e 2010, enquanto a frota de automóveis aumentou 27%, a frota de motocicletas cresceu 136%.

Segundo a ABRACICLO, a frota brasileira de motocicletas cresceu 409% de 2000 a 2010. O Nordeste é a região que, atualmente, apresenta o maior crescimento, com expansão de 540% no número de motos na última década. Porém, o Sudeste ainda é a região com o maior número de motocicletas em circulação, respondendo por 41% da frota nacional (6.796.229), com expansão de 340% no período.

Quem deveria fazer não faz!!

Nos últimos 10 anos, o Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset) arrecadou mais de R$ 2,73 bilhões para serem investidos em programas de educação para o trânsito, mas, em vez de cumprir a norma prevista desde a criação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), converteu só 41,59% em ações específicas, sendo parte do restante – R$ 1,6 bilhão – usado pela União para cobrir o superávit primário.

É... estatística é isto... depende de onde se começa a ler e a se escrever.

Eu adoro estatística.

Abraços e boas estradas.

CS CÔRTES
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Em discussão no tópico: http://motoscustom.com.br/forum/