Morre o fundador da Cofap e da fabricante de motos Kasinski
por CLEIDE SILVA - O Estado de S.Paulo
Faleceu ontem em São Paulo, aos 94 anos, o empresário Abraham Kasinsky, fundador da empresa de autopeças Cofap e da fabricante de motocicletas Kasinski. O executivo que se autodefinia como "atrevido, sem vergonha e metido a valente", manteve-se na atividade empresarial até os 92 anos, quando, já debilitado, vendeu a indústria de motos mantida em Manaus (AM).
Dois anos antes ele havia adotado processo de profissionalização da empresa, com a contratação de Luiz Abad Neto para tocá-la. Ainda assim, acompanhou o dia a dia dos negócios até a venda para a empresa chinesa CR Zongshen, que decidiu manter a marca Kasinski nos veículos.
Descendente de judeus russos e nascido em São Paulo, Kasinsky trabalhou muitos anos com o pai, que tinha uma loja de autopeças. Em 1951, aos 33 anos, criou a própria empresa, a Cofap, e a transformou na maior fabricante de autopeças da América Latina. A empresa com sede no ABC paulista chegou a ter 18 unidades (nove no exterior), 35 mil funcionários e faturamento anual de US$ 1 bilhão.
Em 1997, após mais de 40 anos à frente da Cofap e depois de ter passado por disputas familiares com seus dois filhos e forte assédio de grupos internacionais, vendeu suas ações para a alemã Mahle. Mais tarde, os dois sobrinhos que seguiram na empresa venderam as participações para a italiana Magneti Marelli, da Fiat, hoje dona da companhia.
Ele dizia que, após a venda, pensou em "viver vida de rico". Mas, menos de um mês depois, estava desesperado, pois era acostumado a uma rotina de trabalho de 12 horas por dia. "Lia quatro jornais diariamente, alguns mais de uma vez. Chegava um momento em que lia os classificados com anúncios do tipo homem procura mulher."
Depois de viagens de pesquisas e estudos de mercado, decidiu entrar no ramo de motocicletas, um dos que mais crescia no País. Fundou a Cofave, depois rebatizada de Kasinski, para brigar com as gigantes Honda - que na época detinha mais de 80% do mercado - e Yamaha.
Garoto propaganda. Para divulgar a marca, o próprio executivo participou de duas campanhas publicitárias. Em uma delas, fazia peripécias em cima de uma moto e, na outra, já com 86 anos, pilotava o veículo no globo da morte com uma bela loira na garupa. Nunca revelou quais cenas foram feitas por um dublê.
Maria Lúcia Doretto, sua secretária por 29 anos e autora da biografia Kasinky, um gênio movido a paixão, esteve com ele no ano passado numa festa na Fundação Kasinsky, que atende 1.100 crianças. Embora bastante debilitado, ela disse que ele mostrou-se muito alegre.
"Ele sempre viu a educação como caminho para o desenvolvimento do País", afirmou Maria Lúcia. A fundação foi criada para anteder os filhos dos funcionários e hoje atende crianças de Mauá, onde estava a sede da Cofap. A Fundação também mantém um parque ecológico em Lavras (MG) e passará a ser administrada por Yvonne Kasinsky, com quem o empresário vivia há mais de 25 anos.
Abad Neto disse que ele morreu "serenamente, como queria". Em uma de suas entrevistas ao Estado, há nove anos, o sempre bem humorado Kasinsky afirmou que tinha feito um contrato com o "chefe". A duração, segundo ele, era sempre de um ano, mas quando chegava no 11.º mês ele pedia prorrogação. "Estou vivendo de prorrogação em prorrogação desde que fiz 80 anos."
O corpo está sendo velado no Hospital Albert Einstein e o enterro ocorrerá hoje, ao meio-dia, no Cemitério Israelita do bairro do Butantã.
Em discussão no tópico: http://motoscustom.com.br/forum/
Faleceu ontem em São Paulo, aos 94 anos, o empresário Abraham Kasinsky, fundador da empresa de autopeças Cofap e da fabricante de motocicletas Kasinski. O executivo que se autodefinia como "atrevido, sem vergonha e metido a valente", manteve-se na atividade empresarial até os 92 anos, quando, já debilitado, vendeu a indústria de motos mantida em Manaus (AM).
Dois anos antes ele havia adotado processo de profissionalização da empresa, com a contratação de Luiz Abad Neto para tocá-la. Ainda assim, acompanhou o dia a dia dos negócios até a venda para a empresa chinesa CR Zongshen, que decidiu manter a marca Kasinski nos veículos.
Descendente de judeus russos e nascido em São Paulo, Kasinsky trabalhou muitos anos com o pai, que tinha uma loja de autopeças. Em 1951, aos 33 anos, criou a própria empresa, a Cofap, e a transformou na maior fabricante de autopeças da América Latina. A empresa com sede no ABC paulista chegou a ter 18 unidades (nove no exterior), 35 mil funcionários e faturamento anual de US$ 1 bilhão.
Em 1997, após mais de 40 anos à frente da Cofap e depois de ter passado por disputas familiares com seus dois filhos e forte assédio de grupos internacionais, vendeu suas ações para a alemã Mahle. Mais tarde, os dois sobrinhos que seguiram na empresa venderam as participações para a italiana Magneti Marelli, da Fiat, hoje dona da companhia.
Ele dizia que, após a venda, pensou em "viver vida de rico". Mas, menos de um mês depois, estava desesperado, pois era acostumado a uma rotina de trabalho de 12 horas por dia. "Lia quatro jornais diariamente, alguns mais de uma vez. Chegava um momento em que lia os classificados com anúncios do tipo homem procura mulher."
Depois de viagens de pesquisas e estudos de mercado, decidiu entrar no ramo de motocicletas, um dos que mais crescia no País. Fundou a Cofave, depois rebatizada de Kasinski, para brigar com as gigantes Honda - que na época detinha mais de 80% do mercado - e Yamaha.
Garoto propaganda. Para divulgar a marca, o próprio executivo participou de duas campanhas publicitárias. Em uma delas, fazia peripécias em cima de uma moto e, na outra, já com 86 anos, pilotava o veículo no globo da morte com uma bela loira na garupa. Nunca revelou quais cenas foram feitas por um dublê.
Maria Lúcia Doretto, sua secretária por 29 anos e autora da biografia Kasinky, um gênio movido a paixão, esteve com ele no ano passado numa festa na Fundação Kasinsky, que atende 1.100 crianças. Embora bastante debilitado, ela disse que ele mostrou-se muito alegre.
"Ele sempre viu a educação como caminho para o desenvolvimento do País", afirmou Maria Lúcia. A fundação foi criada para anteder os filhos dos funcionários e hoje atende crianças de Mauá, onde estava a sede da Cofap. A Fundação também mantém um parque ecológico em Lavras (MG) e passará a ser administrada por Yvonne Kasinsky, com quem o empresário vivia há mais de 25 anos.
Abad Neto disse que ele morreu "serenamente, como queria". Em uma de suas entrevistas ao Estado, há nove anos, o sempre bem humorado Kasinsky afirmou que tinha feito um contrato com o "chefe". A duração, segundo ele, era sempre de um ano, mas quando chegava no 11.º mês ele pedia prorrogação. "Estou vivendo de prorrogação em prorrogação desde que fiz 80 anos."
O corpo está sendo velado no Hospital Albert Einstein e o enterro ocorrerá hoje, ao meio-dia, no Cemitério Israelita do bairro do Butantã.
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