sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Puna-se o sofá!!!

Diz uma velha anedota que o marido traído todos os dias pela mulher no sofá da sala de casa tentou resolver o problema livrando-se do sofá. É o que propõe o Govenador do Estado do Rio de Janeiro, Sr. Sergio Cabral Filho, com a idéia de proibir os motociclistas de transportar pessoas na garupa de suas motocicletas. Ao optar por "extinguir" o espaço para o garupa e não o bandido que eventualmente a ocupa, o Governador mostra que, apesar de estar muito preocupado com a questão da segurança, segue o mesmo caminho de vários outros políticos brasileiros - não vai direto ao ponto.

Todos os dias vemos nas ruas motos com placas tortas, cobertas ou mesmo sem placas, pilotos sem capacete com ou sem garupa na mesma condição e veículos de duas rodas em estado tão ruim que mal podem ser chamados de motocicletas. Isso tudo sem contar as motos que são roubadas e devolvidas somente mediante pagamento de resgate - é o "sequestro de motos", uma modalidade que só deve existir aqui. Onde isso tudo acontece ? Somente as autoridades não vêem ou não querem ver.

O motociclista/motoqueiro de verdade, aquele que usa sua motocicleta para trabalhar ou para passear, pode até estar em atraso com o pagamento de seu IPVA ou seguro obrigatório - que, aliás, acaba de aumentar pelo terceiro ano seguido sem a mínima explicação convincente. Mas dificilmente andará com placa adulterada ou capacete irregular, sob pena de perder seu instrumento de trabalho ou de lazer.

Neste país em que o Presidente da República nada sabe, o Congresso é uma confraria, as estradas são trilhas lunares e absolutamente tudo depende de conchavos, precisamos de gente que tenha coragem para tentar resolver os problemas de fato. Assim como qualquer cidadão de bem, os motociclistas e motoqueiros de verdade querem políticos com bom-senso, coragem e honestidade, uma polícia militar valorizada, bem-treinada e bem-remunerada, uma guarda municipal que faça algo mais além de multar e ruas e estradas adequadamente transitáveis - o que obviamente exclui radares eletrônicos em áreas de risco.

Em resumo, queremos aquilo a que todo cidadão tem direito. E que, no final das contas, não deveria ser tão difícil de conseguir, não fosse a incrível incompetência das autoridades em todas as esferas. O estado de direito deve ser parte da solução e não do problema, como acontece no Brasil. E, particularmente, no Rio de Janeiro - a cidade onde absolutamente nada funciona.

por Beto Kahena
Motociclista independente e colaborador oficial da Federação dos Moto Clubes do Estado do Rio de Janeiro (FMCRJ)
(Mensagem aprovada pela presidência da FMCRJ)