DF tem 25 novas motos por dia nas ruas
por Adriana Bernardes - Correio Braziliense
Uma invasão de motocicletas transforma o trânsito no Distrito Federal. Desde 2000, em média, 25 motos entram em circulação a cada dia na capital do país. O aumento da frota nos últimos sete anos e dois meses chega a 254%. Isso representa mais do que o dobro do crescimento registrado no Rio de Janeiro. E é três vezes e meia maior do que o ocorrido em São Paulo no mesmo período.
Atualmente, 91.924 motocicletas trafegam pelas ruas e avenidas da capital do país. Há sete anos, eram 25.973. Em São Paulo, o crescimento da frota (de 658.973) foi de 74% e no Rio de Janeiro (de 153.750), de 102% no mesmo período. Na cidade que tem em média um carro para cada dois habitantes e está prestes a alcançar a marca de 1 milhão de veículos, o crescimento da frota de motos só piora a situação. Ainda mais que, por serem mais vulneráveis, os motoqueiros normalmente levam a pior em caso de acidente.
Para o diretor do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), Délio Cardoso, o aumento do número de motocicletas no trânsito brasiliense pode ser explicado por causa das facilidades em adquirir o veículo de duas rodas. É ainda mais barato do que um carro e várias concessionárias permitem prestações a perder de vista. "O poder aquisitivo do brasiliense é um dos mais altos do país. Além disso, ainda não temos, lamentavelmente, um transporte público de qualidade", avalia Délio Cardoso.
Ele prevê a estabilização da frota assim que o projeto Brasília Integrada for concluído. Por meio dele, o governo pretende oferecer um transporte público rápido, integrado e de qualidade, além de melhorar o sistema viário do DF. "A moto não contribui para engarrafamento. Mas exige mais cuidado do motorista", afirma Délio.
As mudanças no trânsito são facilmente percebidas. Basta prestar atenção ao semáforo. Sempre que a luz vermelha acende , os motociclistas, a maioria com caixas no espaço do carona, trafegam pelo corredor - espaço entre um carro e outro- e param à frente dos veículos. Quando o sinal abre, eles são os primeiros a arrancar. A cena ocorre nos principais cruzamentos do Plano Piloto, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. É a prova de que os serviços de motoboy ganham a preferência de empresas de telentrega. Trafegar pelo corredor, no entanto, é proibido pelo Código de Trânsito Brasileiro. Mas não é a única imprudência.
De cada 10 motos apreendidas pela fiscalização do Detran-DF, quatro são por falta de habilitação do piloto. Há nove dias, um motoclista sem carteira atropelou e matou o comerciante Keiji Kubota, 68 anos, que atravessava em uma faixa de pedestres em Sobradinho II. A neta da vítima, de apenas 7 anos, assistiu a tudo.
Ziguezague
O Correio percorreu a área central do Plano Piloto, de Taguatinga e a Via Estrutural na última sexta-feira. Flagrou motociclistas ziguezagueando entre os carros, em manobras de retorno proibido e trafegando em alta velocidade. Eram 8h50, quando os policiais da Companhia de Polícia Rodoviária Militar se preparavam para liberar a Estrutural sentido Plano Piloto-Taguatinga.
Enquanto os carros faziam fila um atrás do outro, as motos se aglomeravam na frente. Às 9h, eram 15 no total. Entre eles, o motoboy Euzelton Lucas Viana, 27 anos. Ele vendia jornais no semáforo, mas, há um ano, decidiu trocar de ramo. "Este (motoboy) é o mercado que mais cresce. Diariamente, a gente vê muitos acidentes. Mas quem tem atenção, não se machuca", afirmou.
Conversar com motoristas e motociclistas sobre a convivência no trânsito implica ouvir trocas de acusações. O comerciante Carlos José Vieira 37 anos, anda mais cauteloso. "Esses motoqueiros andam entre os carros. A maioria dos acidentes que a gente vê por aí, é por conta disso. Eles não costumam respeitar a sinalização", reclamou. "O problema é que o motorista não respeita a gente. Acha que porque o carro é maior, pode fazer o que quiser e você tem que se virar para não bater nem se desequilibrar, desabafou o pintor Elias Andrade da Silva, 30, morador do Setor P Norte. Há um ano, ele usa a moto como meio de transporte. "É mais rápido e barato que o carro. E de ônibus não dá", completou.
Entre os motociclistas, existem os que usam a moto como meio de transporte, os que dependem dela para conseguir o sustento e os que são apaixonados pelo veículo. O professor de educação física e empresário Wilson Phillip, 44 anos, se enquadra no último perfil. Chegou a ter quatro motos na garagem. Sofreu cinco acidentes de trânsito, em três deles, só usava sunga e tênis. A causa foi a imaturidade, a inexperiência e a irresponsabilidade. Eu corria muito. Achava que não ia dar tempo de chegar aos lugares. Pegava a moto e acelerava, confessou. O mais grave deles resultou na lesão de um músculo responsável pelos movimentos das mãos. Wilson demorou quase três meses para recuperá-los.
A paixão de Wilson por motos só não falou mais alto que o amor pelas filhas Camila, 18 anos, Yasmin, 15 e Bruna, 4 anos. Por elas, decidiu vender as motocicletas. A última delas, há quatro anos, quando Bruna nasceu. Mas o capacete ele guarda até hoje. "Não vendo, não empresto e não dou", brincou. Wilson admite que está tentado a voltar a pilotar. "Mas só se a minha mulher deixar. Ultimamente está ainda mais arriscado do que no passado. O trânsito está muito pesado. Se eu tiver outra moto, será para matar a saudade de vez em quando", disse.
Uma invasão de motocicletas transforma o trânsito no Distrito Federal. Desde 2000, em média, 25 motos entram em circulação a cada dia na capital do país. O aumento da frota nos últimos sete anos e dois meses chega a 254%. Isso representa mais do que o dobro do crescimento registrado no Rio de Janeiro. E é três vezes e meia maior do que o ocorrido em São Paulo no mesmo período.
Atualmente, 91.924 motocicletas trafegam pelas ruas e avenidas da capital do país. Há sete anos, eram 25.973. Em São Paulo, o crescimento da frota (de 658.973) foi de 74% e no Rio de Janeiro (de 153.750), de 102% no mesmo período. Na cidade que tem em média um carro para cada dois habitantes e está prestes a alcançar a marca de 1 milhão de veículos, o crescimento da frota de motos só piora a situação. Ainda mais que, por serem mais vulneráveis, os motoqueiros normalmente levam a pior em caso de acidente.
Para o diretor do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), Délio Cardoso, o aumento do número de motocicletas no trânsito brasiliense pode ser explicado por causa das facilidades em adquirir o veículo de duas rodas. É ainda mais barato do que um carro e várias concessionárias permitem prestações a perder de vista. "O poder aquisitivo do brasiliense é um dos mais altos do país. Além disso, ainda não temos, lamentavelmente, um transporte público de qualidade", avalia Délio Cardoso.
Ele prevê a estabilização da frota assim que o projeto Brasília Integrada for concluído. Por meio dele, o governo pretende oferecer um transporte público rápido, integrado e de qualidade, além de melhorar o sistema viário do DF. "A moto não contribui para engarrafamento. Mas exige mais cuidado do motorista", afirma Délio.
As mudanças no trânsito são facilmente percebidas. Basta prestar atenção ao semáforo. Sempre que a luz vermelha acende , os motociclistas, a maioria com caixas no espaço do carona, trafegam pelo corredor - espaço entre um carro e outro- e param à frente dos veículos. Quando o sinal abre, eles são os primeiros a arrancar. A cena ocorre nos principais cruzamentos do Plano Piloto, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. É a prova de que os serviços de motoboy ganham a preferência de empresas de telentrega. Trafegar pelo corredor, no entanto, é proibido pelo Código de Trânsito Brasileiro. Mas não é a única imprudência.
De cada 10 motos apreendidas pela fiscalização do Detran-DF, quatro são por falta de habilitação do piloto. Há nove dias, um motoclista sem carteira atropelou e matou o comerciante Keiji Kubota, 68 anos, que atravessava em uma faixa de pedestres em Sobradinho II. A neta da vítima, de apenas 7 anos, assistiu a tudo.
Ziguezague
O Correio percorreu a área central do Plano Piloto, de Taguatinga e a Via Estrutural na última sexta-feira. Flagrou motociclistas ziguezagueando entre os carros, em manobras de retorno proibido e trafegando em alta velocidade. Eram 8h50, quando os policiais da Companhia de Polícia Rodoviária Militar se preparavam para liberar a Estrutural sentido Plano Piloto-Taguatinga.
Enquanto os carros faziam fila um atrás do outro, as motos se aglomeravam na frente. Às 9h, eram 15 no total. Entre eles, o motoboy Euzelton Lucas Viana, 27 anos. Ele vendia jornais no semáforo, mas, há um ano, decidiu trocar de ramo. "Este (motoboy) é o mercado que mais cresce. Diariamente, a gente vê muitos acidentes. Mas quem tem atenção, não se machuca", afirmou.
Conversar com motoristas e motociclistas sobre a convivência no trânsito implica ouvir trocas de acusações. O comerciante Carlos José Vieira 37 anos, anda mais cauteloso. "Esses motoqueiros andam entre os carros. A maioria dos acidentes que a gente vê por aí, é por conta disso. Eles não costumam respeitar a sinalização", reclamou. "O problema é que o motorista não respeita a gente. Acha que porque o carro é maior, pode fazer o que quiser e você tem que se virar para não bater nem se desequilibrar, desabafou o pintor Elias Andrade da Silva, 30, morador do Setor P Norte. Há um ano, ele usa a moto como meio de transporte. "É mais rápido e barato que o carro. E de ônibus não dá", completou.
Entre os motociclistas, existem os que usam a moto como meio de transporte, os que dependem dela para conseguir o sustento e os que são apaixonados pelo veículo. O professor de educação física e empresário Wilson Phillip, 44 anos, se enquadra no último perfil. Chegou a ter quatro motos na garagem. Sofreu cinco acidentes de trânsito, em três deles, só usava sunga e tênis. A causa foi a imaturidade, a inexperiência e a irresponsabilidade. Eu corria muito. Achava que não ia dar tempo de chegar aos lugares. Pegava a moto e acelerava, confessou. O mais grave deles resultou na lesão de um músculo responsável pelos movimentos das mãos. Wilson demorou quase três meses para recuperá-los.
A paixão de Wilson por motos só não falou mais alto que o amor pelas filhas Camila, 18 anos, Yasmin, 15 e Bruna, 4 anos. Por elas, decidiu vender as motocicletas. A última delas, há quatro anos, quando Bruna nasceu. Mas o capacete ele guarda até hoje. "Não vendo, não empresto e não dou", brincou. Wilson admite que está tentado a voltar a pilotar. "Mas só se a minha mulher deixar. Ultimamente está ainda mais arriscado do que no passado. O trânsito está muito pesado. Se eu tiver outra moto, será para matar a saudade de vez em quando", disse.
Em discussão no tópico:
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