Motociclistas com câmeras flagram acidentes e filosofam pelas ruas de SP
por Regiane Teixeira - Folha
Todos os dias, o motoboy Marcel Batroff, 35, sai de casa com uma câmera e uma ideia na cabeça. Há oito meses, ele comprou uma minifilmadora para fazer um diário em vídeo sobre a sua rotina. Ele integra um grupo conhecido como "motovloggers" ou "motofilmadores".
A atividade ganhou repercussão há duas semanas, quando o vigilante Anderson de Oliveira, 35, publicou no site YouTube o momento em que dois homens tentam roubar sua moto na zona leste.
A câmera acoplada ao capacete flagra um PM saindo de um carro e atirando duas vezes em um dos assaltantes.
Quem faz uma ronda pela internet encontra flagrantes de acidentes, brigas entre motoristas, cinegrafistas exibindo estilos agressivos de direção (muitas vezes com infrações de trânsito), dicas de pilotagem e até os que preferem filosofar enquanto dirigem. "A gente não tem certeza se vai conseguir pagar as contas, receber aquela promoção no trabalho ou achar o amor da nossa vida", divaga o artista Carlos Gonzalez, 39, sobre sua Harley-Davidson Softail FX, no filmete "Minha Relação com a Morte", em seu canal no YouTube.
Bater as botas, ele compara, "é como cair de moto, você nunca sabe quando vai acontecer". "Existe uma verdade na minha vida que é ter enveredado pelo caminho da música, mas enveredei para conhecer a mulherada", conta Gonzaga em "Seria a sua Verdade uma Verdade Absoluta?". "São duas verdades que dialogam entre si... Abriu o farol!"Toda quinta-feira, cerca de 20 "motovloggers", como Carlos, se reúnem num posto de gasolina na avenida Morumbi.
A sãopaulo acompanhou um encontro, com motoqueiros pisando no acelerador e fazendo manobras, como empinar a moto. Dono de uma loja de acessórios para motocicletas, Kleber Atalla, 52, o Tiozão, chega com sua XJ6 rosa fluorescente envenenada com três câmeras.
Um canal de vídeos dele já foi tirado do ar por denúncias de conteúdo impróprio (palavrões e infrações de trânsito). Após um acidente de carro, canais de TV transmitiram seus filmes como exemplo de má direção. "Fizemos duas campanhas de doação de sangue e de brinquedos. Isso ninguém fala", diz ele, ex-motorista do cantor Chorão, morto em março. "Tem vezes que não dá para andar devagar, é uma questão de segurança", conta Daniel Alves, 36, o Mike 9mmm (sigla para "Mike, Marombeiro, Motociclista").
Com 84 mil seguidores no site, ele também já foi apresentado como exemplo negativo na TV. Decidiu pegar mais leve nos vídeos: "Pensei em parar, mas mudei de estilo. Parei de acelerar e gritar, porque a gente vira referência para a molecada." Ele diz ter fãs (chega a receber 6.000 e-mails por mês) que escrevem em busca de conselhos sobre assuntos variados, como romance e timidez. "Tem menino que pergunta como conversar com a menina que ele gosta e os que contam problemas no trabalho ou com os pais", afirma.
Segundo o Detran, o Código de Trânsito Brasileiro não penaliza o uso de câmera em equipamentos ou veículos.
Já o médico Dirceu Alves Júnior, da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, diz que acoplar a filmadora, sobretudo no capacete, é um "ato de alto risco". "O motoqueiro direciona a visão para o que quer mostrar e pode perder a conexão com a direção."
Fonte: Folha.com
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Todos os dias, o motoboy Marcel Batroff, 35, sai de casa com uma câmera e uma ideia na cabeça. Há oito meses, ele comprou uma minifilmadora para fazer um diário em vídeo sobre a sua rotina. Ele integra um grupo conhecido como "motovloggers" ou "motofilmadores".
A atividade ganhou repercussão há duas semanas, quando o vigilante Anderson de Oliveira, 35, publicou no site YouTube o momento em que dois homens tentam roubar sua moto na zona leste.
A câmera acoplada ao capacete flagra um PM saindo de um carro e atirando duas vezes em um dos assaltantes.
Quem faz uma ronda pela internet encontra flagrantes de acidentes, brigas entre motoristas, cinegrafistas exibindo estilos agressivos de direção (muitas vezes com infrações de trânsito), dicas de pilotagem e até os que preferem filosofar enquanto dirigem. "A gente não tem certeza se vai conseguir pagar as contas, receber aquela promoção no trabalho ou achar o amor da nossa vida", divaga o artista Carlos Gonzalez, 39, sobre sua Harley-Davidson Softail FX, no filmete "Minha Relação com a Morte", em seu canal no YouTube.
Bater as botas, ele compara, "é como cair de moto, você nunca sabe quando vai acontecer". "Existe uma verdade na minha vida que é ter enveredado pelo caminho da música, mas enveredei para conhecer a mulherada", conta Gonzaga em "Seria a sua Verdade uma Verdade Absoluta?". "São duas verdades que dialogam entre si... Abriu o farol!"Toda quinta-feira, cerca de 20 "motovloggers", como Carlos, se reúnem num posto de gasolina na avenida Morumbi.
A sãopaulo acompanhou um encontro, com motoqueiros pisando no acelerador e fazendo manobras, como empinar a moto. Dono de uma loja de acessórios para motocicletas, Kleber Atalla, 52, o Tiozão, chega com sua XJ6 rosa fluorescente envenenada com três câmeras.
Um canal de vídeos dele já foi tirado do ar por denúncias de conteúdo impróprio (palavrões e infrações de trânsito). Após um acidente de carro, canais de TV transmitiram seus filmes como exemplo de má direção. "Fizemos duas campanhas de doação de sangue e de brinquedos. Isso ninguém fala", diz ele, ex-motorista do cantor Chorão, morto em março. "Tem vezes que não dá para andar devagar, é uma questão de segurança", conta Daniel Alves, 36, o Mike 9mmm (sigla para "Mike, Marombeiro, Motociclista").
Com 84 mil seguidores no site, ele também já foi apresentado como exemplo negativo na TV. Decidiu pegar mais leve nos vídeos: "Pensei em parar, mas mudei de estilo. Parei de acelerar e gritar, porque a gente vira referência para a molecada." Ele diz ter fãs (chega a receber 6.000 e-mails por mês) que escrevem em busca de conselhos sobre assuntos variados, como romance e timidez. "Tem menino que pergunta como conversar com a menina que ele gosta e os que contam problemas no trabalho ou com os pais", afirma.
Segundo o Detran, o Código de Trânsito Brasileiro não penaliza o uso de câmera em equipamentos ou veículos.
Já o médico Dirceu Alves Júnior, da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, diz que acoplar a filmadora, sobretudo no capacete, é um "ato de alto risco". "O motoqueiro direciona a visão para o que quer mostrar e pode perder a conexão com a direção."
Fonte: Folha.com
postado por Unknown @ 11:30
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