quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A volta do Motoqueiro Fantasma

por FELIPE BRANCO CRUZ - O Estado de S.Paulo

Nicolas Cage, de 48 anos, mais uma vez vai encarnar no cinema Johnny Blaze, alter ego do personagem dos quadrinhos do Motoqueiro Fantasma, no filme Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança, que estreia amanhã. A despeito das críticas que massacraram o primeiro filme da franquia, Cage disse não se preocupar com a opinião dessas pessoas. "Crítico é um grupo de pessoas frustradas", diz ele. O novo filme será lançado em 3D e trará impressionantes efeitos especiais. Um chamariz e tanto para os fãs de quadrinhos. O ator conversou com o Estado anteontem, por telefone, de Los Angeles. Nesta entrevista, Cage comentou ainda sobre um boato que afirma que ele é um vampiro de 140 anos. Além disso, o ator revelou que treinou Jiu-jítsu com Royce Gracie e que quer vir ao Brasil participar de algum festival de cinema.

Por que o personagem do Motoqueiro Fantasma é importante para você?

O Motoqueiro Fantasma foi o primeiro quadrinho que eu li na infância, quando tinha apenas 8 anos. Os quadrinhos da Marvel têm heróis que são realmente monstruosos como, por exemplo, o Hulk. A imagem de uma caveira flamejante numa motocicleta nunca saiu da minha cabeça. Nunca consegui imaginar algo mais assustador do que esse personagem que usa as forças do mal para o bem. Quando jovem, era difícil lidar com esse dualismo. Nós vivíamos num mundo de preto no branco quando o bom e o ruim eram bem definidos. Não existia meio-termo. Ninguém poderia ficar em cima do muro. O Motoqueiro conseguiu misturar isso como nunca tinha visto.

Você acha que existem semelhanças entre o Motoqueiro Fantasma e o Milton, de Fúria sobre Rodas?

Eles são dois personagens supernaturais que vieram de outra dimensão. O Motoqueiro Fantasma era um homem que se corrompeu e vai para o inferno. A grande diferença é que Johnny Blaze (o motoqueiro) está vivo e Milton é um morto que fugiu do inferno. São duas formas diferentes de atuação. Ao interpretar um homem morto, eu não tenho sentimentos. Enquanto o Motoqueiro sente a dor da transformação em caveira flamejante. Tenho que interpretar esses sons e movimentos.

Como foi acampar e gravar numa floresta mal assombrada?

Algumas filmagens aconteceram numa floresta da Romênia, que é considerada pelas pessoas que moram por lá como assombrada. Muitos acreditam nisso, eu inclusive. Eu quis ir lá especialmente por causa dessa história.

Você já ganhou um Oscar por Despedida em Las Vegas (1995) e na sua carreira fez ótimos filmes. Recentemente tem escolhido papéis que foram duramente criticados. Você concorda com essas críticas?

Eu não concordo com os críticos. O trabalho dos críticos é criticar. Na minha opinião, eles podem falar o que quiserem. Mas eu não vou ouvir o que eles têm a dizer.

E com relação às críticas de que a primeira parte de Motoqueiro Fantasma foi uma adaptação ruim? Acha que esta segunda parte é melhor?

Elas são diferentes. O Espírito de Vingança é bom porque pega a essência original das histórias em quadrinhos. O primeiro filme não conseguiu isso, mas também é bom. Escute bem: as críticas são formadas por um grupo bem pequeno de pessoas frustradas que só sabem criticar. Mas eles não são o povo. Eu não estou interessado nessas opiniões e nunca vou mudar minha honestidade profissional. Deixe que façam e digam o que quiserem. Não acredito neles quando dizem que o filme de Mark Steven Johnson (diretor do primeiro filme) não é bom. E a despeito disso, estou muito feliz em fazer o Motoqueiro Fantasma de novo. Eu simplesmente não escuto o que eles têm a dizer e acho que a maioria das pessoas também não.

Qual é a principal razão para você aceitar um papel no cinema?

Aceito quando acho que posso interpretá-lo honestamente. Quero fazer parte de algo sincero. Nesses trabalhos quero aprender novas formas de atuar, novos processos de criação ou algo no roteiro que me dê alguma experiência de vida. Se isso acontece, então posso atuar de forma honesta.

E sobre as adaptações de quadrinhos para o cinema, qual gosta mais?

Acho que a primeira adaptação de quadrinhos de heróis importante para o cinema foi o Super-Homem. Ele se tornou a mitologia contemporânea de milhares de pessoas. É uma mitologia comparada ao que foi a grega ou nórdica para as pessoas daquela época. Vejo policiais usando os logos do Batman e Super-homem debaixo de seus uniformes. Isso os inspira de alguma forma.

Você já afirmou que teria sido convidado a participar dos filmes Matrix e O Senhor dos Anéis, mas não fez por falta de tempo. Arrepende-se da decisão?

Não, não me arrependo. Vi todos os filmes do Senhor dos Anéis e Matrix. Amei esses filmes. E se tivesse feito, não me divertiria tanto como fã, como quando estou vendo um filme que fiz. Eu não vejo meus filmes como espectador.

Já veio ao Brasil? O que sabe sobre ele?

Infelizmente nunca fui ao Brasil. Sei que vocês têm uma comunidade muito entusiasmada de cineastas. Vocês fazem ótimo filmes. Anos atrás comecei a lutar Jiu-jítsu com Royce Gracie. Ele sempre falou muito do Brasil para mim. Não treino mais Jiu-jítsu, mas algum dia quero ir aí. Vocês têm ótimos festivais de cinema por aí, não têm?

Temos sim. Você pretende vir participar de algum deles?

Talvez eu possa ir no próximo. Eu definitivamente gostaria também de gravar no Brasil e com cineastas brasileiros. Acho que aprenderia muito como ator.

E essa história que circula na internet que você não é humano e sim um vampiro?

As pessoas poderiam escolher qualquer pessoa para dizerem que é um vampiro, mas me escolherem como próxima vítima. Isso não me chateia. Então vamos manter o mistério.  Add to Google
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