Fabricantes de motos demitem em Manaus
por CLEIDE SILVA - O Estado de S.Paulo
O segmento de motocicletas enfrenta a mesma dificuldade dos fabricantes de automóveis com a restrição ao crédito para as compras parceladas. "O governo pressionou os bancos a baixarem os juros, mas não adianta só reduzir e não liberar os financiamentos", reclama Rogério Scialo, diretor comercial e de marketing da Kasinski.
Na Zona Franca de Manaus, de onde saem mais de 90% das motos vendidas no Brasil, os estacionamentos das empresas estão lotados e há ameaças de demissões, informa Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Manaus. "Só a Honda tem mais de 50 mil motos paradas no pátio", diz.
Segundo Santana, a Honda, maior fabricante de motos do País, demitiu 800 pessoas neste ano. "Duas linhas de produção estão paradas", afirma. Além da falta de crédito, ele diz que as importações prejudicam a produção local.
"O ministro Mantega (Guido Mantega, da Fazenda) prometeu há vários meses que aumentaria o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) das motos importadas, assim como fez com os automóveis, mas ficou só na promessa", reclama o sindicalista.
Em nota, a Honda limita-se a informar que "opera atualmente com um quadro de funcionários superior ao do mesmo período de 2011. Em função do cenário de crédito mais seletivo, eventuais desligamentos voluntários serão repostos em momento oportuno".
A Kasinski, que detém quase 3% do mercado nacional de motos, demitiu 250 funcionários no primeiro trimestre, o equivalente a 30% do seu pessoal de fábrica e administrativo.
Exigências. Segundo Scialo, a lista de exigência dos bancos e financeiras para avaliar os pedidos de financiamento subiu de sete a oito itens para mais de 30. "Antes, checavam dados de documentos, comprovante de residência e renda." Agora, diz ele, se o consumidor mudou de emprego ou de casa há menos de um ano, a ficha é recusada.
"E se o cliente atrasou a parcela de um terno comprado na Ducal, na Mesbla ou no Mappin também não liberam", brinca o executivo da Kasinski, ao reforçar que até dívidas muito antigas são contabilizadas como pontos negativos no "filtro" feito pelas instituições financeiras.
De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo), cerca de 80% das vendas de motos são financiadas. A maior parte dos compradores (85%) é das classes C e D, que adquire veículos na faixa de preços de R$ 4 mil a R$ 6 mil. "É justamente o consumidor que compra o primeiro veículo para escapar do ônibus", afirma Scialo.
Em abril, foram vendidas 132,2 mil motocicletas no País, queda de 20,2% em relação a março e 9,5% menor que o volume registrado em igual mês do ano passado. No quadrimestre, a queda é de 1,7%, com um total de 574,7 mil motos comercializadas.
"O mercado brasileiro de motos não está saturado; as pessoas querem comprar, há crédito no mercado, mas falta flexibilização na oferta desse crédito", diz José Eduardo Gonçalves, diretor executivo da Abraciclo.
Impacto na produção. Segundo Scialo, as fabricantes já não esperam mais atingir a meta prevista para este ano, de vender 2,15 milhões de motos, 100 mil a mais do que em 2011. A produção, consequentemente, será menor. "Certamente haverá impacto na produção da Zona Franca de Manaus e haverá mais demissões", avalia o executivo.
A Kasinski iniciou este mês campanha de venda com 30% de entrada e 18 prestações sem juros, que são bancados pela própria empresa. "Os bancos afirmaram que se ampliássemos o valor da entrada (que era de 10% a 20%) seria mais fácil aprovar o crédito. Ampliamos, bancamos os juros, mas nada mudou."
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O segmento de motocicletas enfrenta a mesma dificuldade dos fabricantes de automóveis com a restrição ao crédito para as compras parceladas. "O governo pressionou os bancos a baixarem os juros, mas não adianta só reduzir e não liberar os financiamentos", reclama Rogério Scialo, diretor comercial e de marketing da Kasinski.
Na Zona Franca de Manaus, de onde saem mais de 90% das motos vendidas no Brasil, os estacionamentos das empresas estão lotados e há ameaças de demissões, informa Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Manaus. "Só a Honda tem mais de 50 mil motos paradas no pátio", diz.
Segundo Santana, a Honda, maior fabricante de motos do País, demitiu 800 pessoas neste ano. "Duas linhas de produção estão paradas", afirma. Além da falta de crédito, ele diz que as importações prejudicam a produção local.
"O ministro Mantega (Guido Mantega, da Fazenda) prometeu há vários meses que aumentaria o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) das motos importadas, assim como fez com os automóveis, mas ficou só na promessa", reclama o sindicalista.
Em nota, a Honda limita-se a informar que "opera atualmente com um quadro de funcionários superior ao do mesmo período de 2011. Em função do cenário de crédito mais seletivo, eventuais desligamentos voluntários serão repostos em momento oportuno".
A Kasinski, que detém quase 3% do mercado nacional de motos, demitiu 250 funcionários no primeiro trimestre, o equivalente a 30% do seu pessoal de fábrica e administrativo.
Exigências. Segundo Scialo, a lista de exigência dos bancos e financeiras para avaliar os pedidos de financiamento subiu de sete a oito itens para mais de 30. "Antes, checavam dados de documentos, comprovante de residência e renda." Agora, diz ele, se o consumidor mudou de emprego ou de casa há menos de um ano, a ficha é recusada.
"E se o cliente atrasou a parcela de um terno comprado na Ducal, na Mesbla ou no Mappin também não liberam", brinca o executivo da Kasinski, ao reforçar que até dívidas muito antigas são contabilizadas como pontos negativos no "filtro" feito pelas instituições financeiras.
De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo), cerca de 80% das vendas de motos são financiadas. A maior parte dos compradores (85%) é das classes C e D, que adquire veículos na faixa de preços de R$ 4 mil a R$ 6 mil. "É justamente o consumidor que compra o primeiro veículo para escapar do ônibus", afirma Scialo.
Em abril, foram vendidas 132,2 mil motocicletas no País, queda de 20,2% em relação a março e 9,5% menor que o volume registrado em igual mês do ano passado. No quadrimestre, a queda é de 1,7%, com um total de 574,7 mil motos comercializadas.
"O mercado brasileiro de motos não está saturado; as pessoas querem comprar, há crédito no mercado, mas falta flexibilização na oferta desse crédito", diz José Eduardo Gonçalves, diretor executivo da Abraciclo.
Impacto na produção. Segundo Scialo, as fabricantes já não esperam mais atingir a meta prevista para este ano, de vender 2,15 milhões de motos, 100 mil a mais do que em 2011. A produção, consequentemente, será menor. "Certamente haverá impacto na produção da Zona Franca de Manaus e haverá mais demissões", avalia o executivo.
A Kasinski iniciou este mês campanha de venda com 30% de entrada e 18 prestações sem juros, que são bancados pela própria empresa. "Os bancos afirmaram que se ampliássemos o valor da entrada (que era de 10% a 20%) seria mais fácil aprovar o crédito. Ampliamos, bancamos os juros, mas nada mudou."
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