segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Veículo elétrico ainda longe do consumidor


por LUIZ GUILHERME GERBELLI, ESTADO - O Estado de S.Paulo

O mercado de veículos elétricos no Brasil ainda está mais focado em desenvolver projetos de caráter experimental do que atrair amplamente o mercado consumidor. Um dos grandes entraves para o desenvolvimento de um consumo em massa é o alto preço desse tipo de automóvel no País, relacionado à falta de incentivos governamentais e à elevada carga tributária.

O carro elétrico recolhe no Brasil 55% de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), incluindo o aumento de 30 pontos porcentuais em vigor para importados. Modelos populares nacionais, por exemplo, pagam 7%.

O cenário adverso não impede, porém, que estudos sejam feitos para identificar a viabilidade de veículos elétricos e a infraestrutura necessária. Um consórcio entre EDP, Instituto de Eletrotécnica e Energia, da USP, Fundação Instituto de Administração e Sinapsis quer identificar, por exemplo, o impacto do carro elétrico no País no sistema de distribuição de energia. "O objetivo é saber como o carro elétrico impacta para uma empresa de energia", afirma Paulo Feldmann, coordenador do projeto.

Em setembro, foi inaugurado um posto de carga rápida para carros elétricos no campus da USP. Nele, o carregamento para 180 quilômetros demora até 30 minutos. No carregamento lento, o abastecimento pode levar até oito horas. De acordo com Feldmann, existem 70 carros elétricos no Brasil, número insignificante em relação ao de países asiáticos, europeus e nos EUA. Na China, são 780 mil veículos e, no Japão, 400 mil.

Na cidade de São Paulo, é possível encontrar dois veículos elétricos num ponto de táxi nas esquinas da Avenida Paulista e Rua da Consolação. Lançado em junho, é um projeto feito em parceria entre Prefeitura, Renault-Nissan, AES Eletropaulo e Associação das Empresas de Táxi de Frota do Município de São Paulo. O projeto terá dez unidades do Nissan Leaf, primeiro carro 100% elétrico produzido em larga escala no mundo.

"Queremos avaliar a questão logística dentro do objetivo de estimular o uso de veículos com menor potencial poluidor", afirma Maria Tereza Vellano, diretora Regional da AES Eletropaulo - empresa que ficou responsável por importar os carregadores. A empresa também enxerga esse mercado como um novo modelo de negócio que começa a surgir.

Já a Cemig é parceira do projeto Veículo Elétrico. O projeto é fruto de um acordo de cooperação firmado pela Itaipu Binacional com a empresa suíça KWO - Krafwerke Oberhasli AG. Ao todo, 18 empresas estão na iniciativa - a Fiat é responsável pela plataforma mecânica.

A CPFL também realiza estudos para o desenvolvimento de carros elétricos. "Desenvolvemos projetos em três frentes: parceria com pioneiros no fornecimento de veículos 100% elétricos, desenvolvimento de equipamentos de carregamento e desenvolvimento de baterias nacionais", afirma o diretor de Estratégia e Inovação da CPFL Energia, Fernando Mano.

Para orientar esse mercado, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) - em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Ministério de Ciência e Tecnologia e o BNDES - está desenvolvendo o projeto Agenda Tecnológica Setorial para estudar prioridades para o desenvolvimento tecnológico na área de mobilidade elétrica.

"Estamos reunindo todo o material produzido nos últimos três anos e aproveitando os incentivos do Inovar-Auto para tentar elencar algumas prioridades na questão da mobilidade elétrica. O governo não tem medidas específicas, mas estuda prioridades de apoio", diz Bruno Jorge Soares, especialista da ABDI.

O fato de o mercado brasileiro ser ainda pequeno não impede que as montadoras busquem ganhar espaço. O Mitsubishi iMiEV já está em testes São Paulo e no Rio - no mundo, foram vendidas 30 mil unidades. No ano que vem, a Toyota inicia a venda do Prius, modelo híbrido movido a eletricidade e gasolina, por R$ 120 mil. A Ford tem o Fusion Hybrid, primeiro híbrido comercializado no Brasil.


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